Antes de pensar: “Ai, nossa, um livro com tudo isso nunca poderia ser bom”, dá uma respirada. The Proposal (ainda sem versão em português), de Jasmine Guillory, foi escolhido como um dos melhores livros de 2018 na categoria romance pela The New York Public Library. Só por isso ele já merecia uma chance.
Nik é uma jornalista negra que vive em Los Angeles. Carlos um pediatra de origem mexicana. Eles se conhecem do jeito mais inusitado: o namorado da Nik resolve pedi-la em casamento em meio a um jogo de baseball! Depois de cinco meses de relacionamento casual e sem nunca terem sequer trocado um “Eu te amo”. Sim, péssimo! É nesse hora que o médico e sua irmã, que estavam sentados na fileira atrás dela, entram em cena e a resgatam daquele fiasco todo.
Até aí esse livro poderia ser qualquer comédia romântica. Mas são os acontecimentos em torno dele que dão o toque vida real e mostram o que muitas mulheres têm que enfrentar. Nik, como eu já disse, é negra. E o racismo ainda é uma questão, infelizmente (Até quando?!). Como mulher branca, não sou capaz de entender a dor/insegurança/dúvida que é se preocupar com o que as pessoas irão achar de mim só por causa do tom da pele. Na hora de conhecer os amigos do Carlos, por exemplo, ela fica um pouco nervosa de chegar na mesa e as pessoas serem preconceituosas. Algo que imagino que deva acontecer com muitas mulheres e homens negros que começam um relacionamento. Que tristeza ter que viver uma cena racista como essa. O racismo não é o foco central do livro, mas questão racial é levantada ver ou outra, nos mostrando como essa preocupação frequente existe.
Outro tópico levantado é sobre relacionamentos abusivos. Nik foi vítima de um, o que a impede de confiar nos homens, e sua professora das aulas de luta, também. O caso da instrutora ainda teve como agravante um casamento com um marido que a prendia em casa pois, como ela era abertamente bisexual, ele tinha ciúmes de tudo e a controlava muito. Até o emprego ele a fez deixar. Demorou para que a instrutora conseguisse confiar em alguém de novo e perceber que aquilo não era normal. E a forma que ajudou de apoiar outras mulheres foi com aulas para ajudá-las a se defender, chamada “Punch Like a Girl” (Dê socos como uma menina, em português).
Vale a pena a leitura!