Lá vou eu de novo tentar convertê-la para o mundo dos quadrinhos. Acredite que é legal e dá uma chance, vai! Vale começar pelo graphic novel Entre Umas e Outras, da Julia Wertz, que não poderia ser mais vida real se tentasse. Quando a gente se identifica, a leitura flui mais fácil.
Na história autobiográfica, Júlia conta como (e o motivo) que decidiu deixar São Francisco e tentar a vida em Nova York. Na introdução ela admite saber que é uma trama clichê, que o mundo está cheio de histórias de pessoas que “comeram o pão que o diabo amassou antes de se dar bem” na Big Apple e já se desculpa. Sem precisar. Apesar de já termos vistos uma narrativa como essa antes, cada história é uma história — só o cenário se repete.
Ela morou em apartamento pequeno (claro!), trabalhou como entregadora de comida, tentou um estágio em jornalismo, bebia demais, não tinha o melhor senso de estilo do mundo, mas seguiu em frente. Foi indo com seu cabelo de capacete, mochila suja e calça de sempre.
Acho inspirador ver que em meio a maior confusão ainda dá para sair um pouco de luz. Mesmo que você olhe para os lados e fale: “Agora ferrou. Daqui não dá mais pra sair”, sempre tem aquele caminho que te leva a onde deseja. É fácil? Não. É rápido? Não. Cansa? Com certeza. Mas que dá, às vezes, dá. E não tem como não sentir um quentinho no coração ao ver que a vida ainda tem jeito.