Quem nunca leu José Saramago precisa fazê-lo pelo menos uma vez na vida. Não é uma leitura simples. O escritor português, que é conhecido por não usar pontuação (só ponto final), pode confundir a mente de quem lê se tal pessoa não estiver 100% atenta a cada letra. Para começar a se acostumar com seu estilo, opte por um de seus livros curtinhos, como é o caso de O Conto da Ilha Desconhecida.
A primeira vista, a obra narra a história de um homem que bate na porta de pedidos de um rei querendo um barco. E não só isso: tal súdito resolveu que dormiria ali, atrapalhando a passagem, até que o próprio rei o atendesse. E conseguiu. Quando questionado o motivo de querer uma embarcação, o homem falou que sairia em busca da ilha desconhecida.
Ninguém colocou fé no que ele queria. Tiraram sarro, disseram que todas as ilhas já eram conhecidas. Mas ele insistiu, e ganhou o barco. O rei, tinha tanta preguiça de atender aos súditos, assim como todos os outros empregados do palácio, que quem acabava abrindo a porta dos obséquios era a faxineira. Tal mulher, ao ouvir o pedido do homem, decide deixar o castelo pela porta das decisões e acompanhá-lo na aventura.
Veja só: o importante de toda essa história não é a trama em si, e sim, o que ela significa. O homem que queria buscar a ilha desconhecida não era prepotente, ao contrário das outras pessoas que acham que sabiam de tudo. Ele acreditava no novo e em sua capacidade de encontrá-lo. Em um de seus sonhos, na primeira noite que passou dentro do barco, ele foi abandonado pela tripulação, e levaram tudo o que ele tinha. Deixaram apenas as sementes de plantas, essas, que se analisadas, podem também ser vistas como esperança.
Moral da história: não corte seus sonhos porque os outros não acreditam que ele pode ser possível. Ele é, e sempre será. Principalmente enquanto houver esperanças…