Você pode até já ter cruzado com o livro A Fogueira nas livrarias e achado o nome da autora familiar. Não é para menos. Estreante no mundo literário, Krysten Ritter é atriz e faz parte do time de Defensores da Marvel, no papel de Jessica Jones (série original na Netflix).
Em seu primeiro livro, ela nos leva à pequena cidade de Barrens, em Indiana (EUA). A advogada Abby volta ao local após dez anos com um objetivo: provar que a empresa Optmal Plastics está poluindo a água. Ela relaciona a presença desses supostos poluentes a uma doença que sua melhor amiga de infância teve ainda no colégio.
Na época, pensou-se que tudo era um jeito de Kaycee e outras meninas populares chamarem a atenção. Mas a advogada não acredita e acha que o desaparecimento da ex-BFF seja a chave para provar que a contaminação na água teve consequências graves. Mas como levantar provas se ela não sabe onde Kaycee foi parar? A história é envolvente a personagem principal se sente tão apreensiva que não tem como não se angustiar junto.
Não é um livro para correr para a página final, já que ele, às vezes, pede que a gente pense um pouco sobre as descobertas. Mas as últimas páginas são de tirar o fôlego.
Conversa franca
Entrevistei a Krysten no começo desse ano. Falamos sobre a segunda temporada de Jessica Jones — que na época estava prestes a estrear —, e, claro, o livro. Contei que esse tinha sido o segundo título escolhido para fazer parte do #ClubeDoLivroCOSMO, grupo que mantive com as leitoras da COSMOPOLITAN por quase um ano.
Veja como foi:
Por que você decidiu se dedicar a esse lado de autora?
Amei escrever. Senti que era uma oportunidade de usar todas as ferramentas que aprendi ao longo do caminho. Li muitos scripts, escrevi alguns… Essa foi minha chance de lidar com uma história que eu já estava trabalhando em formato de script. Usei um pouco da minha vida de atriz para criar e desenvolver a Abby. Demorou a ficar pronto, mas fiquei orgulhosa do resultado e espero poder fazer de novo.
Jessica tem superpoderes, mas também tem seu lado frágil e leal. Você acha que são essas características que a tornam única?
O que eu sempre amei sobre Jones é a sua autenticidade. É difícil defini-la e coloca-la dentro de uma caixa. Ela comete erros e é complicada, mas também é forte e engraçada. É difícil encontrar um papel onde você possa fazer cenas dramáticas e ser vulnerável. Por isso, pra mim é tão incrível vivê-la. Nunca fico entediada e sempre me sinto desafiada.
Você se identifica com ela?
Amo o fato de Jessica não se importar em agradar os outros. Ela diz e faz o que quer. Nunca pede desculpas. É tão inusitado. Ela carrega um pouco de crítica a si mesma e muita culpa também, mas banca isso. Sabe quem é.
Você é uma mulher empoderada e poderosa em meio a vários homens que fazem papel de heróis. Acaba sentindo o peso da responsabilidade de vivê-la?
Nunca vimos uma personagem como Jéssica antes. Ela é uma bagunça, mas tem problemas com os quais as mulheres conseguem se relacionar e entendem. Com isso, se sentem representadas. É animador ela não ser um super-herói comum.
Nesse momento, muitas atrizes estão levando à tona histórias de abuso e assédios, principalmente no ambiente de trabalho. Você já passou por uma situação desagradável como essa?
Quase todo mundo que conheço, eu incluída, se for fazer um inventário da carreira e analisar todas as circunstâncias, encontrará algo que hoje irrita. Vivi muitas situações em minha carreira, de quando eu era mais jovem, em que me calaram quando eu tive ideias legais só por ser mulher. Afinal, o que eu sabia? Agora me sinto ouvida. Esse momento é importante para todas nós, mulheres e meninas.